22 de julho de 2010

Nova classe média e a construção civil

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Em termos econômico-sociais, o Brasil enfrenta uma significativa mudança: aumenta progressivamente o número de pessoas com condições de comprar, seguidos por uma pequena fração da população que está se permitindo investir no mercado imobiliário. Vendo isso, as construtoras querem sua fatia no bolo, fazendo com que aumente o número de projetos destinados à chamada nova classe média (98 milhões de pessoas). Esses projetos se diferem dos tradicionais por diversos motivos: são construções em blocos para condomínios com lazer comum; apartamentos com metragem média de 50m² e dois dormitórios; planos de pagamento facilitados com adesão ao Programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal; entre outros.
Esse tipo de empreendimento vem crescendo principalmente nas grandes cidades, onde a necessidade é maior e os índices de aumento do valor dos aluguéis apresenta crescimento acelerado. Essa questão, aliada à possibilidade de pagar pequenas parcelas em planos de até 30 anos em um imóvel próprio está levando muitas famílias a movimentar a economia.

Nova Classe Média mandando por mais 10 anos

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O consumo das famílias, hoje, é responsável por cerca de 60% do PIB brasileiro, sendo que as classes C, D e E correspondem a 43,83% deste total. Estes foram alguns dos dados apresentados durante o debate “A Nova Classe Média Brasileira”, organizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), na última quarta-feira (2/6). No evento, foi lançada uma pesquisa inédita sobre a realidade da classe média e as perspectivas de consumo até 2020.
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Fabio Pina, assessor econômico da Fecomercio responsável pela pesquisa, afirma que o nível de consumos das famílias deve continuar aumentando, não somente em escala, mas também com a sofisticação dos hábitos de consumo. À primeira vista, um movimento que favorece o crescimento do Brasil, mas que, se não for bem amparado, pode levar a um elevado déficit na conta corrente ou, pior, ao aumento da inflação. Segundo a pesquisa da Fecomercio, mantido o estado atual, em 2013, a dívida em conta corrente chegaria a 6% do PIB. Pina explica que isso ocorrerá se o cenário atual se mantiver sem aplicação de recursos na qualificação da mão-de-obra, inovações tecnológicas e investimentos em capacitação e modernização dos setores produtivos. “Se o nível de demanda superar o de oferta, ou recorreremos a importações e financiamentos externos, ou a inflação irá balancear a equação”, aponta.
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Contrabalanceando este movimento, Luciana Trindade Aguiar, sócia da Plano CDE Consultoria, garante que junto com a ascensão de parte da população a classe média, também se notam algumas mudanças de pensamento. “A principal preocupação da classe D é a aquisição de bens de consumo que antes eram de difícil acesso, como saúde e moradia”, analisa. “Já a classe C se preocupa mais com o bem estar da família e com autoinvestimentos, ou seja, investimentos em capacitação pessoal.”
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Um fator que tem demonstrando essa tendência é a ligação entre comportamentos modernos e tradicionais, característicos da classe média brasileira. As classes C, mas também D e E, têm acessado cada vez mais à internet, seja com intenção de consumo ou para pesquisar produtos de interesse. Elas estão ligadas as redes sociais e se tornam mais críticas em relação aquilo que vão consumir. “Até 2020, os principais responsáveis pelo aumento da lucratividade das empresas serão os consumidores das classes C, D e E, e que devem aumentar e sofisticar seu consumo”, garante Fabio Pina, da Fecomercio.
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Essa nova classe média, que tende a ter uma maior capacitação e escolaridade, tem no empreendedorismo seu principal fator de consolidação. É o que acredita Amaury de Souza, sócio da MCM Consultores Associados Ltda., que também aponta a educação básica como o principal motivo do crescimento das classes mais baixas. “O governo tem o único mérito de valorizar constantemente o salário mínimo, mas é a educação o fator prioritário para o desenvolvimento”, ressalta.
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Paulo Rabello conclui que, para o crescimento do Brasil se tornar sustentável, o que falta é o governo agir com responsabilidade, gastar com consciência e, ao contrário do que afirmou o presidente Lula, reduzir a carga tributária. “O Brasil do consumo não cabe em si. O governo gasta muito e gasta mal. Para garantir o crescimento, as famílias precisam consumir com mais responsabilidade e as indústrias precisam investir.”
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http://www.fecomercio.com.br/