22 de julho de 2010

Nova Classe Média mandando por mais 10 anos

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O consumo das famílias, hoje, é responsável por cerca de 60% do PIB brasileiro, sendo que as classes C, D e E correspondem a 43,83% deste total. Estes foram alguns dos dados apresentados durante o debate “A Nova Classe Média Brasileira”, organizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), na última quarta-feira (2/6). No evento, foi lançada uma pesquisa inédita sobre a realidade da classe média e as perspectivas de consumo até 2020.
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Fabio Pina, assessor econômico da Fecomercio responsável pela pesquisa, afirma que o nível de consumos das famílias deve continuar aumentando, não somente em escala, mas também com a sofisticação dos hábitos de consumo. À primeira vista, um movimento que favorece o crescimento do Brasil, mas que, se não for bem amparado, pode levar a um elevado déficit na conta corrente ou, pior, ao aumento da inflação. Segundo a pesquisa da Fecomercio, mantido o estado atual, em 2013, a dívida em conta corrente chegaria a 6% do PIB. Pina explica que isso ocorrerá se o cenário atual se mantiver sem aplicação de recursos na qualificação da mão-de-obra, inovações tecnológicas e investimentos em capacitação e modernização dos setores produtivos. “Se o nível de demanda superar o de oferta, ou recorreremos a importações e financiamentos externos, ou a inflação irá balancear a equação”, aponta.
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Contrabalanceando este movimento, Luciana Trindade Aguiar, sócia da Plano CDE Consultoria, garante que junto com a ascensão de parte da população a classe média, também se notam algumas mudanças de pensamento. “A principal preocupação da classe D é a aquisição de bens de consumo que antes eram de difícil acesso, como saúde e moradia”, analisa. “Já a classe C se preocupa mais com o bem estar da família e com autoinvestimentos, ou seja, investimentos em capacitação pessoal.”
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Um fator que tem demonstrando essa tendência é a ligação entre comportamentos modernos e tradicionais, característicos da classe média brasileira. As classes C, mas também D e E, têm acessado cada vez mais à internet, seja com intenção de consumo ou para pesquisar produtos de interesse. Elas estão ligadas as redes sociais e se tornam mais críticas em relação aquilo que vão consumir. “Até 2020, os principais responsáveis pelo aumento da lucratividade das empresas serão os consumidores das classes C, D e E, e que devem aumentar e sofisticar seu consumo”, garante Fabio Pina, da Fecomercio.
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Essa nova classe média, que tende a ter uma maior capacitação e escolaridade, tem no empreendedorismo seu principal fator de consolidação. É o que acredita Amaury de Souza, sócio da MCM Consultores Associados Ltda., que também aponta a educação básica como o principal motivo do crescimento das classes mais baixas. “O governo tem o único mérito de valorizar constantemente o salário mínimo, mas é a educação o fator prioritário para o desenvolvimento”, ressalta.
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Paulo Rabello conclui que, para o crescimento do Brasil se tornar sustentável, o que falta é o governo agir com responsabilidade, gastar com consciência e, ao contrário do que afirmou o presidente Lula, reduzir a carga tributária. “O Brasil do consumo não cabe em si. O governo gasta muito e gasta mal. Para garantir o crescimento, as famílias precisam consumir com mais responsabilidade e as indústrias precisam investir.”
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http://www.fecomercio.com.br/

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