7 de fevereiro de 2010

Moda e Classe C

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Duas pesquisas, uma da CO.R Inovação, empresa de branding, e outra da agência Mc Cann Erickson, derrubam alguns estereótipos acerca da emergente classe C, como a ideia de que esses consumidores gostariam de fazer compras no comércio mais sofisticado ou de que seguem a moda à risca. Nem uma coisa nem outra
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Segundo um estudo feito em março pela Mc Cann Erickson - mil questionários com casais entre 20 e 65 anos, de Recife, São Paulo, Rio, Porto Alegre e Goiânia -, 68% dos entrevistados sentem-se desprezados pelos ricos e 55% declaram ser avessos a produtos comercializados em lugares considerados chiques. "É curioso perceber que a classe C deseja consumir mais, porém não demonstra a preocupação em mudar de classe", afirma Aloísio Pinto, vice-presidente de planejamento da agência.

Na hora de ir às compras, as amigas são as grandes conselheiras (28,2%), seguidas por profissionais dos salões (21,6%), revistas (20,7%), novelas e filmes (7,8%). Poucos fazem uso do cartão de crédito, com medo de endividamento. O uso moderado do cartão faz parte da realidade de 67% dos entrevistados, e o contingente dos que não possuem conta corrente ultrapassa a casa dos 30%.

Já no campo da moda, como observa a publicitária Mari Zampol, diretora da CO.R - que mapeou o comportamento de consumo de famílias paulistanas com renda entre R$ 1.115,00 e R$ 4.807,00, universo que compõe a classe C, segundo parâmetros definidos pela Fundação Getúlio Vargas - as passarelas do São Paulo Fashion Week, bem como os padrões de beleza que enaltecem o corpo das modelos, não fazem a cabeça das jovens (200 entrevistadas, entre 18 e 25 anos). "Elas não cobiçam ser loiras, magras e ter 1,80 metro de altura. Procuram figuras femininas que tenham um pouco delas. A identificação está nas semelhanças, e não nas diferenças. Quero ficar bonita e gostosa é a frase mais ouvida", observa. Mari pediu às entrevistadas que abrissem seus armários e, assim, mais uma surpresa:

- Enquanto nas classes A/B o chique é descoordenar cores , na C elas fazem questão de combinar bolsa e sapato. Além da segurança do acerto, passam a ideia de que se dedicaram na hora de se arrumar. O brilho que aparece no jeans se repete na alça da bolsa. A lingerie é um item especial. Muitas vezes, a produção começa pelo sutiã e sempre com um detalhe aparecendo, como a alça ou uma parte do bojo de oncinha. E aí o sapato ou cinto vai ter um detalhe da mesma estampa. Também é comum colocarem um sapato dentro da bolsa, no caso de saírem depois do trabalho, já que as distâncias entre um ponto e outro são longas e não compensa voltar para casa e se trocar.

As informações correm mais pelo boca a boca do que por meio de jornais e revistas: "As novelas causam impacto e, praticamente, todas acessam o Orkut." E, ao contrário das classes A e B - com as quais tem, como único ponto de concordância estético, o cabelo liso e chapado -, não há uma preocupação em abastecer o guarda-roupa com grifes, nem de seguir tendências que não valorizam o corpo. "Um exemplo é a calça saruel, rejeitada pela maioria das entrevistadas por esconder as formas. Preferem os jeans justos de cintura bem baixa."

Para bater perna, as moradoras da Zona Leste de São Paulo, por exemplo, gostam dos shoppings da região com preços mais acessíveis. Outra opção é o comércio dos centros atacadistas, como Brás e Bom Retiro. "Vão em grupos, quando a compra envolve uma festa ou evento especial."

Bons preços

O Bom Retiro atrai pessoas vindas de bairros distantes, atrás de preços e novidades. A dona de casa Marta Chaves, mãe de três filhos com idades entre 8 e 20 anos, mora na Água Fria e foi até a rua José Paulino comprar roupas para as filhas adolescentes. Na banca de saldos, tentava achar alguma peça que "fosse a cara" das meninas. "Gosto de vir aqui porque tem muita variedade, bons preços e qualidade", afirma.

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